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    Home » Fact-check: os números reais por trás da polêmica sobre segurança pública
    CHECAGEM E CONTEXTO

    Fact-check: os números reais por trás da polêmica sobre segurança pública

    Luciana SebastianaBy Luciana SebastianaJune 15, 2025Updated:November 26, 2025No Comments18 Mins Read
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    Você já se pegou questionando se as estatísticas sobre criminalidade que vê nos noticiários realmente representam a realidade? Não está sozinho. A discussão sobre segurança pública no Brasil é repleta de números contraditórios, interpretações divergentes e, muitas vezes, informações distorcidas que alimentam o debate público. Este fact-check vai mergulhar nos dados reais, desvendando o que os números oficiais realmente dizem e o que fica escondido nas entrelinhas das manchetes sensacionalistas.

    A polêmica em torno dos índices de violência no país não é novidade, mas a forma como interpretamos e compartilhamos essas informações ganhou contornos ainda mais complexos na era digital. Entre gráficos manipulados, comparações descontextualizadas e discursos políticos carregados de viés, entender a verdadeira dimensão da segurança pública brasileira tornou-se um desafio que exige análise cuidadosa. Neste artigo detalhado, vamos separar fatos de ficção, examinar metodologias de coleta de dados e fornecer ferramentas para que você mesmo possa avaliar criticamente as informações sobre criminalidade que chegam até você.

    Sumário do artigo

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    • Como funcionam os sistemas de coleta de dados sobre criminalidade no Brasil
    • Fact-check dos índices de homicídios: entendendo as oscilações
    • Crimes patrimoniais: quando os números não refletem a sensação de insegurança
    • Violência contra grupos vulneráveis: os dados que não aparecem nas manchetes
    • Comparações internacionais: contextualizando os números brasileiros
    • Metodologias para você mesmo fazer fact-check de informações sobre segurança
    • O papel das redes sociais na desinformação sobre segurança pública
    • Políticas públicas baseadas em evidências: o que os dados realmente sugerem
    • Transparência de dados: o desafio da padronização nacional
    • Olhando para o futuro: tecnologia e novos desafios para a verificação de dados
    • Perguntas Frequentes sobre Fact-check de Segurança Pública

    Como funcionam os sistemas de coleta de dados sobre criminalidade no Brasil

    Para realizar qualquer fact-check sério sobre segurança pública, precisamos primeiro entender de onde vêm os números. No Brasil, existem múltiplas fontes de dados sobre criminalidade, e cada uma possui suas particularidades metodológicas que impactam diretamente nos resultados apresentados.

    O principal sistema é o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), que consolida dados fornecidos pelas secretarias de segurança estaduais. Além dele, temos o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), vinculado ao Ministério da Saúde, que registra mortes violentas a partir de atestados de óbito.

    A diferença entre essas bases de dados já revela um primeiro problema: os números raramente batem perfeitamente. Enquanto o Sinesp depende de boletins de ocorrência registrados pela polícia, o SIM captura informações do sistema de saúde, incluindo casos que podem não ter sido formalmente denunciados às autoridades policiais.

    Essa discrepância não significa necessariamente que alguém está mentindo, mas sim que estamos olhando para o mesmo fenômeno através de lentes diferentes. Compreender essas nuances é fundamental para qualquer análise crítica dos dados de segurança pública.

    Outro aspecto crucial é a subnotificação, fenômeno que afeta especialmente crimes como estupro, violência doméstica e furtos de menor valor. Estudos indicam que apenas uma fração das vítimas desses crimes efetivamente registra ocorrência policial, seja por medo, descrença no sistema de justiça ou simplesmente por desconhecimento dos procedimentos. Isso significa que quando fazemos um fact-check dos números oficiais, estamos sempre trabalhando com uma representação parcial da realidade, e não com o universo completo de crimes ocorridos.

    Fact-check dos índices de homicídios: entendendo as oscilações

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    Os homicídios são considerados o indicador mais confiável de violência porque, diferentemente de outros crimes, são difíceis de ocultar e quase sempre chegam ao conhecimento das autoridades. Quando políticos ou analistas falam sobre redução da criminalidade, frequentemente citam a queda nos índices de homicídios como principal evidência. Mas será que esses números contam toda a história? O fact-check revela uma realidade mais complexa do que as manchetes sugerem.

    Nos últimos anos, o Brasil de fato experimentou uma redução nos números absolutos de homicídios, saindo de aproximadamente 65 mil mortes violentas intencionais em 2017 para cerca de 47 mil em 2023, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

    Essa queda de quase 28% é significativa e merece reconhecimento. No entanto, quando aplicamos o fact-check criterioso, percebemos que essa redução não foi uniforme em todo o território nacional. Enquanto alguns estados apresentaram quedas expressivas, outros mantiveram patamares elevados ou até registraram aumentos.

    A distribuição geográfica da violência letal revela padrões importantes. Estados do Norte e Nordeste, historicamente com taxas mais elevadas, apresentaram oscilações variadas, com alguns conseguindo reduções expressivas através de políticas integradas de segurança, enquanto outros permaneceram estagnados.

    Regiões metropolitanas também mostram dinâmicas particulares, com a interiorização da violência sendo um fenômeno crescente em várias unidades federativas. Fazer fact-check dessas tendências exige olhar além das médias nacionais e compreender as especificidades regionais que moldam a experiência da violência no país.

    Crimes patrimoniais: quando os números não refletem a sensação de insegurança

    Se você tem a impressão de que roubos e furtos estão aumentando, mesmo quando estatísticas oficiais apontam estabilidade ou redução, não está imaginando coisas. Existe uma complexa relação entre dados objetivos e percepção de segurança que frequentemente cria esse descompasso. O fact-check dos crimes patrimoniais revela camadas de complexidade que raramente são abordadas no debate público superficial sobre segurança.

    Um dos principais desafios ao analisar furtos e roubos é justamente a subnotificação mencionada anteriormente. Pesquisas de vitimização, que entrevistam cidadãos sobre suas experiências com crime independentemente de terem ou não registrado ocorrência, mostram que os números oficiais podem representar apenas 30% a 40% dos crimes patrimoniais efetivamente ocorridos. Isso acontece porque muitas vítimas consideram o processo de registro demorado, ineficaz ou simplesmente não acreditam que haverá consequências. Portanto, quando fazemos fact-check das estatísticas oficiais de crimes patrimoniais, precisamos ter em mente que estamos vendo apenas a ponta do iceberg.

    Outro fator que influencia a percepção é a concentração espacial e temporal desses crimes. Mesmo que os números totais estejam estáveis, se determinados bairros ou horários experimentam aumento de ocorrências, isso impacta desproporcionalmente a sensação de insegurança das pessoas que vivem ou transitam por essas áreas. Além disso, a cobertura midiática tende a amplificar casos específicos, criando a impressão de uma onda de criminalidade que pode não corresponder aos dados agregados. Um fact-check responsável precisa considerar essas dimensões subjetivas sem desconsiderar a validade das preocupações legítimas da população.

    Violência contra grupos vulneráveis: os dados que não aparecem nas manchetes

    Quando realizamos um fact-check abrangente sobre segurança pública, não podemos ignorar categorias de violência que afetam desproporcionalmente grupos vulneráveis. Mulheres, população LGBTQIA+, população negra, indígenas e pessoas em situação de rua enfrentam dinâmicas específicas de violência que muitas vezes são invisibilizadas nas estatísticas gerais. Esses dados são fundamentais para entendermos o quadro completo da segurança no Brasil, mas raramente recebem o mesmo destaque que os índices gerais de criminalidade.

    A violência doméstica e familiar contra mulheres representa um dos casos mais graves de subnotificação. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, aproximadamente uma mulher é vítima de feminicídio a cada seis horas no Brasil.

    No entanto, esse número representa apenas os casos consumados e registrados como tal. A violência psicológica, patrimonial, moral e as tentativas de feminicídio formam um universo muito maior que permanece invisível nas estatísticas principais. Ao fazer fact-check da segurança pública brasileira, precisamos questionar: quais violências estamos medindo e quais estamos ignorando?

    A população LGBTQIA+ enfrenta desafios similares de invisibilidade estatística. O Brasil lidera rankings internacionais de violência contra pessoas trans e travestis, mas não existe um sistema oficial e sistemático de coleta desses dados.

    As informações disponíveis vêm principalmente de organizações da sociedade civil que monitoram casos noticiados na imprensa e relatados por comunidades. Isso significa que nosso fact-check sobre segurança pública está necessariamente incompleto se não reconhecermos essas lacunas metodológicas que excluem grupos inteiros da contabilidade oficial da violência.

    A violência racial é outra dimensão crítica frequentemente mascarada em estatísticas agregadas. Jovens negros têm probabilidade significativamente maior de serem vítimas de homicídio do que jovens brancos na mesma faixa etária.

    Dados do Atlas da Violência mostram que aproximadamente 77% das vítimas de homicídio no Brasil são negras, proporção muito superior à sua representação na população geral. Qualquer fact-check honesto sobre segurança pública precisa explicitar essas disparidades e questionar políticas que não enfrentam diretamente o componente racial da violência brasileira.

    Comparações internacionais: contextualizando os números brasileiros

    Um recurso comum em debates sobre segurança pública é comparar o Brasil com outros países, mas essas comparações exigem extremo cuidado metodológico. Ao realizar fact-check de afirmações que posicionam o Brasil em rankings internacionais de violência, precisamos entender que diferentes nações utilizam critérios distintos para classificar e contabilizar crimes. O que é considerado “roubo” em um país pode ser classificado como “furto qualificado” em outro, tornando comparações diretas problemáticas.

    A taxa de homicídios é o indicador mais utilizado para comparações internacionais justamente por ser mais padronizado. O Brasil tem taxa de aproximadamente 22 homicídios por 100 mil habitantes, número que nos coloca entre os países mais violentos do mundo.

    Para contextualizar, essa taxa é mais de 20 vezes superior à média europeia e cerca de 5 vezes maior que a média global. No entanto, o fact-check detalhado revela que existe enorme variação interna: enquanto alguns estados brasileiros têm taxas comparáveis a países europeus, outros superam nações em guerra civil.

    Outro aspecto importante nas comparações internacionais é considerar o contexto socioeconômico. Países com níveis similares de desenvolvimento humano ao Brasil frequentemente apresentam taxas de violência substancialmente menores, o que sugere que não é apenas a pobreza que explica nossos índices elevados, mas sim a combinação de fatores como desigualdade, acesso a armas de fogo, efetividade do sistema de justiça e políticas de segurança pública. Fazer fact-check dessas correlações nos ajuda a entender que a violência não é inevitável, mas sim resultado de escolhas políticas e institucionais que podem ser modificadas.

    Metodologias para você mesmo fazer fact-check de informações sobre segurança

    Agora que exploramos os principais aspectos dos dados sobre segurança pública, é fundamental equipar você com ferramentas práticas para realizar seu próprio fact-check quando se deparar com afirmações sobre criminalidade. A primeira regra é sempre buscar a fonte primária dos dados. Quando alguém cita um número, pergunte-se: de onde vem essa informação? Foi extraída de um relatório oficial? De uma pesquisa acadêmica? De uma notícia que cita outra notícia? Quanto mais próximo você chegar da fonte original, melhor será sua capacidade de avaliar a confiabilidade da informação.

    Aqui estão algumas fontes confiáveis que você pode consultar para fazer seu próprio fact-check sobre segurança pública no Brasil:

    • Fórum Brasileiro de Segurança Pública: Publica anualmente o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com dados consolidados de todas as unidades federativas
    • Atlas da Violência: Produzido pelo IPEA e pelo FBSP, oferece análises aprofundadas sobre mortes violentas no país
    • Sinesp: Sistema oficial do governo federal que disponibiliza dados estaduais de criminalidade
    • Datasus: Base de dados do Ministério da Saúde com informações sobre mortalidade, incluindo causas externas
    • IBGE: Realiza periodicamente a Pesquisa Nacional de Vitimização, que capta crimes não registrados oficialmente

    Ao analisar gráficos e estatísticas, preste atenção em alguns truques comuns de manipulação visual. Eixos que não começam em zero podem exagerar variações pequenas, fazendo uma redução de 10% parecer uma queda dramática.

    Comparações entre períodos diferentes (por exemplo, comparar janeiro de um ano com dezembro do ano anterior) podem criar ilusões de tendência que não se sustentam em análises anuais. O fact-check efetivo exige que você questione não apenas os números em si, mas como eles estão sendo apresentados e contextualizados.

    Outro elemento crítico é entender o conceito de correlação versus causalidade. Se dois fenômenos acontecem simultaneamente, isso não significa necessariamente que um causou o outro. Por exemplo, se uma cidade implementa uma nova política de segurança e os índices de criminalidade caem no mesmo período, isso parece evidência de efetividade.

    Porém, um fact-check rigoroso questionaria: outros fatores mudaram simultaneamente? Cidades vizinhas sem a política também experimentaram quedas? Existe um grupo de controle para comparação? Essas perguntas ajudam a separar narrativas convenientes de análises causais robustas.

    O papel das redes sociais na desinformação sobre segurança pública

    As plataformas digitais transformaram radicalmente a forma como informações sobre criminalidade circulam e são consumidas. Vídeos de assaltos, notícias de crimes violentos e boatos sobre ondas de criminalidade espalham-se instantaneamente, muitas vezes sem qualquer verificação. Fazer fact-check nesse ambiente é particularmente desafiador porque a velocidade de propagação supera largamente a capacidade de checagem, e correções raramente alcançam o mesmo alcance que a informação original.

    Um fenômeno comum nas redes sociais é a generalização de casos isolados. Um crime particularmente chocante ocorrido em determinada cidade rapidamente se transforma em narrativa de que “a violência está fora de controle” em todo o país.

    Essas generalizações, embora compreensíveis do ponto de vista emocional, distorcem nossa percepção da realidade estatística. O fact-check nos lembra que eventos individuais, por mais trágicos, não constituem evidência de tendências gerais sem análise de dados agregados ao longo do tempo.

    Grupos de mensagens instantâneas também se tornaram vetores importantes de desinformação sobre segurança. Avisos sobre supostas quadrilhas operando em determinados bairros, táticas criminosas inventadas ou exageradas, e chamados para “justiça com as próprias mãos” circulam amplamente sem qualquer base factual.

    Desenvolver ceticismo saudável em relação a essas mensagens e buscar confirmação em fontes oficiais antes de compartilhar é parte essencial de uma cidadania responsável na era digital. Cada um de nós tem papel ativo em combater a desinformação ao recusar-se a ser vetor de informações não verificadas.

    Políticas públicas baseadas em evidências: o que os dados realmente sugerem

    Após todo esse fact-check detalhado dos números sobre segurança pública, surge a pergunta natural: o que efetivamente funciona para reduzir a criminalidade? A evidência internacional e estudos nacionais apontam para algumas direções consistentes, embora nem sempre sejam as mais populares no debate público. Políticas baseadas em evidências frequentemente contradizem intuições e soluções aparentemente óbvias, o que torna ainda mais importante basear decisões em dados robustos ao invés de apenas percepções.

    A redução das desigualdades sociais e expansão de oportunidades para jovens em situação de vulnerabilidade aparecem consistentemente como fatores associados à diminuição de crimes violentos no longo prazo.

    Programas de transferência de renda, acesso à educação de qualidade, formação profissional e projetos comunitários mostram resultados positivos quando implementados de forma integrada. O fact-check da literatura internacional sobre prevenção da violência indica que investimentos em políticas sociais têm retorno demonstrável em segurança pública, embora os resultados não sejam imediatos.

    No campo específico da segurança pública, estratégias de policiamento orientado por dados e baseado em inteligência têm se mostrado mais efetivas que abordagens puramente ostensivas. Identificar padrões de criminalidade, focar recursos em áreas e horários de maior incidência, e trabalhar preventivamente com comunidades produz melhores resultados que simplesmente aumentar o efetivo policial sem planejamento estratégico. O fact-check dessas abordagens, implementadas com sucesso em diversas cidades brasileiras e internacionais, mostra que eficiência importa mais que volume de recursos.

    Por outro lado, políticas como redução da maioridade penal ou endurecimento generalizado de penas não apresentam evidências consistentes de efetividade na redução da criminalidade, segundo análises comparativas internacionais.

    O fact-check dessas propostas frequentemente debatidas revela que países com sistemas penais mais duros não necessariamente têm menos crime, e que o Brasil já possui legislação penal relativamente severa comparada a nações com índices de violência muito menores. Isso não significa ignorar a importância da responsabilização, mas questionar se as soluções propostas realmente produzirão os resultados desejados ou apenas satisfarão demandas por punitivismo simbólico.

    Transparência de dados: o desafio da padronização nacional

    Um dos maiores obstáculos para realizar fact-check consistente sobre segurança pública no Brasil é a falta de padronização na coleta e divulgação de dados entre os estados. Cada unidade federativa tem autonomia para definir suas metodologias, o que gera inconsistências que dificultam comparações e análises longitudinais. Alguns estados disponibilizam informações detalhadas e atualizadas mensalmente em portais de transparência, enquanto outros divulgam apenas dados agregados anuais, quando divulgam.

    A criação do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) foi um passo importante para resolver esse problema, mas sua implementação enfrenta desafios práticos significativos. Nem todos os estados alimentam o sistema com regularidade ou completude, e existem divergências metodológicas que persistem mesmo dentro da plataforma unificada. Para quem busca fazer fact-check rigoroso, essas limitações significam que muitas vezes é necessário consultar múltiplas fontes e reconhecer explicitamente as incertezas nos dados disponíveis.

    Organizações da sociedade civil e instituições de pesquisa têm desempenhado papel fundamental em cobrar transparência e preencher lacunas informacionais. Iniciativas como o Monitor da Violência, parceria entre o portal G1 e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, consolidam dados estaduais e oferecem análises acessíveis ao público. Esse tipo de trabalho é essencial para democratizar o acesso à informação qualificada e permitir que cidadãos, jornalistas e pesquisadores realizem seu próprio fact-check sem depender exclusivamente de interpretações oficiais.

    Olhando para o futuro: tecnologia e novos desafios para a verificação de dados

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    À medida que avançamos para um futuro cada vez mais digitalizado, surgem novos desafios e oportunidades no campo do fact-check sobre segurança pública. Tecnologias de inteligência artificial prometem processar volumes enormes de dados e identificar padrões que seriam invisíveis à análise humana tradicional. Sistemas de reconhecimento facial, análise preditiva de criminalidade e monitoramento automatizado levantam questões éticas importantes, mas também podem gerar informações mais precisas sobre dinâmicas criminais se utilizados com as devidas salvaguardas.

    Ao mesmo tempo, essas mesmas tecnologias criam novos vetores para desinformação. Deepfakes de vídeos mostrando crimes que nunca ocorreram, manipulação sofisticada de estatísticas usando visualizações enganosas, e campanhas coordenadas de disseminação de informações falsas sobre segurança tornam o fact-check cada vez mais complexo e necessário. Desenvolver literacia digital e crítica em relação a informações sobre criminalidade não é mais opcional, mas habilidade essencial para a cidadania contemporânea.

    O futuro da verificação de informações sobre segurança pública provavelmente envolverá combinação de ferramentas automatizadas de checagem, redes colaborativas de verificadores e maior engajamento cidadão no monitoramento de políticas públicas. Plataformas que permitam aos cidadãos reportar crimes de forma anonimizada e segura, visualizações interativas de dados que facilitem compreensão de tendências complexas, e sistemas de alerta precoce sobre desinformação massiva são desenvolvimentos tecnológicos que podem fortalecer nossa capacidade coletiva de realizar fact-check efetivo e exigir prestação de contas de autoridades.

    Perguntas Frequentes sobre Fact-check de Segurança Pública

    Por que os números de criminalidade divulgados por diferentes fontes costumam ser contraditórios?

    As divergências acontecem principalmente porque diferentes instituições utilizam metodologias distintas de coleta e classificação. Secretarias de segurança registram apenas crimes que chegam ao conhecimento policial através de boletins de ocorrência, enquanto o sistema de saúde captura mortes violentas independentemente de registro policial. Além disso, a subnotificação afeta especialmente crimes como estupro e violência doméstica, criando lacunas nas estatísticas oficiais.

    Como posso saber se uma estatística sobre criminalidade que vi nas redes sociais é verdadeira?

    Sempre busque a fonte original dos dados antes de compartilhar. Verifique se a informação vem de instituições confiáveis como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, IBGE ou secretarias estaduais de segurança. Desconfie de números sem citação de fonte, gráficos sem identificação dos eixos ou comparações que parecem exageradas. Use ferramentas de busca reversa de imagens para verificar se gráficos ou fotos estão sendo usados fora de contexto.

    Por que minha sensação de insegurança não corresponde aos dados oficiais que mostram redução da criminalidade?

    Existe uma complexa relação entre estatísticas objetivas e percepção subjetiva de segurança. A cobertura midiática de crimes violentos, experiências pessoais ou de pessoas próximas, e a concentração espacial da criminalidade em determinadas áreas podem fazer com que você se sinta menos seguro mesmo quando os números gerais indicam melhora. Além disso, a subnotificação significa que muitos crimes não aparecem nas estatísticas oficiais.

    Quais crimes são mais subnotificados no Brasil e por quê?

    Crimes sexuais, violência doméstica e furtos de pequeno valor estão entre os mais subnotificados. As razões incluem medo de retaliação, vergonha ou culpabilização da vítima (especialmente em casos de violência sexual), descrença na efetividade do sistema de justiça, desconhecimento sobre como proceder com a denúncia, e avaliação de que o esforço de registrar a ocorrência não vale a pena considerando a baixa probabilidade de resolução do caso.

    Como as políticas de segurança pública podem ser efetivamente avaliadas?

    A avaliação rigorosa de políticas de segurança exige metodologias que estabeleçam relação causal entre a intervenção e os resultados, não apenas correlação temporal. Isso inclui comparação com grupos de controle (áreas similares que não receberam a intervenção), análise de tendências de longo prazo, controle de variáveis confundidoras e acompanhamento de múltiplos indicadores além de simples taxas de criminalidade. Estudos acadêmicos e avaliações independentes são mais confiáveis que anúncios governamentais baseados em seleção seletiva de dados.

    É possível comparar taxas de criminalidade entre países de forma confiável?

    Comparações internacionais são úteis mas exigem muito cuidado. O indicador mais confiável é a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, pois homicídios são mais uniformemente definidos e registrados entre países. Para outros crimes, diferenças nas definições legais, sistemas de registro e níveis de subnotificação tornam comparações diretas problemáticas. É sempre importante considerar o contexto socioeconômico e institucional ao fazer essas comparações.

    E você, já verificou os dados por trás das manchetes sobre segurança pública que chegam até você? Compartilhe nos comentários suas experiências ao tentar entender os números da criminalidade na sua região. Quais fontes você considera mais confiáveis? Que desafios você enfrenta ao buscar informações verificadas sobre segurança? Sua participação enriquece este debate fundamental para nossa sociedade!

    Luciana Sebastiana
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