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Quando pensamos em transformação educacional no Brasil, raramente imaginamos que mudanças profundas possam começar com uma única pessoa. Mas a história que vou compartilhar com você hoje prova exatamente o contrário.
Trata-se de uma professora que, com dedicação, estratégias inovadoras e um olhar humano sobre a educação, conseguiu transformar uma escola de periferia em modelo reconhecido nacionalmente. Não estamos falando de milagres ou soluções mágicas, mas sim de trabalho consistente, metodologias adaptadas à realidade local e um compromisso genuíno com o futuro dos alunos.
A escola de periferia em questão enfrentava os desafios típicos de tantas outras instituições brasileiras: infraestrutura precária, altos índices de evasão escolar, violência no entorno, famílias com dificuldades socioeconômicas e estudantes desmotivados.
O cenário parecia desanimador, mas foi justamente nesse ambiente que a transformação começou a acontecer. E o mais interessante é que as estratégias utilizadas podem ser replicadas em outras instituições, servindo como inspiração para educadores de todo o país que enfrentam realidades semelhantes.
O diagnóstico inicial: entendendo a realidade da comunidade escolar
Antes de implementar qualquer mudança, a professora realizou algo que parece óbvio, mas que muitas vezes é negligenciado: um diagnóstico profundo da realidade da escola de periferia e de sua comunidade. Ela não se limitou a olhar apenas para os números de desempenho acadêmico ou para as estatísticas de aprovação. Foi muito além disso. Visitou as casas dos alunos, conversou com pais e responsáveis, ouviu as histórias de vida de cada família e entendeu os desafios reais que os estudantes enfrentavam diariamente antes mesmo de chegarem à sala de aula.
Esse diagnóstico educacional comunitário revelou informações cruciais: muitos alunos chegavam à escola sem ter feito a primeira refeição do dia, outros precisavam trabalhar no período contrário às aulas para ajudar no sustento familiar, e havia casos de estudantes que não tinham um lugar adequado em casa para estudar ou fazer as tarefas. Com essas informações em mãos, tornou-se possível criar estratégias que realmente fizessem sentido para aquela realidade específica, e não apenas aplicar modelos prontos que funcionam em contextos completamente diferentes.
A partir desse mapeamento, foi possível estabelecer parcerias com organizações locais, criar redes de apoio entre as próprias famílias e desenvolver projetos que atendessem às necessidades reais da comunidade. A professora compreendeu que não poderia transformar a escola sozinha, mas que precisaria mobilizar todos os atores envolvidos: outros professores, gestores, funcionários, pais, alunos e até mesmo comerciantes e líderes comunitários do bairro. Essa visão sistêmica foi fundamental para o sucesso das iniciativas subsequentes.
Metodologias ativas aplicadas à realidade da escola de periferia

Um dos pilares da transformação foi a implementação de metodologias ativas de ensino adaptadas ao contexto da escola de periferia. A professora percebeu que o modelo tradicional de ensino expositivo não estava funcionando para aqueles alunos.
Eles precisavam de algo que os engajasse, que fizesse sentido em suas vidas e que mostrasse aplicação prática do conhecimento. Foi então que começou a introduzir projetos baseados em problemas reais da comunidade, estimulando os estudantes a pensarem criticamente e a desenvolverem soluções criativas.
Por exemplo, ao estudar matemática, os alunos foram desafiados a calcular o orçamento necessário para melhorias na praça do bairro, envolvendo conceitos de geometria, porcentagem e análise de custos. Nas aulas de português, desenvolveram campanhas de conscientização sobre temas importantes para a comunidade, praticando produção textual, oralidade e argumentação.
Em ciências, investigaram questões ambientais do entorno da escola, como o descarte inadequado de lixo e a falta de saneamento básico em algumas áreas. Essas abordagens tornaram o aprendizado significativo e conectado à vida real dos estudantes.
Além disso, foram implementadas estratégias de aprendizagem colaborativa, onde os alunos trabalhavam em grupos, desenvolvendo habilidades socioemocionais como comunicação, trabalho em equipe, empatia e resolução de conflitos.
A sala de aula deixou de ser um espaço onde o professor era o único detentor do conhecimento e passou a ser um ambiente de construção coletiva, onde todos tinham voz e podiam contribuir. Essa mudança de paradigma foi essencial para aumentar o engajamento e reduzir os índices de evasão escolar.
Formação continuada e valorização dos professores
A professora protagonista desta história rapidamente percebeu que não conseguiria transformar a escola de periferia sozinha. Era necessário engajar toda a equipe docente e garantir que todos estivessem alinhados com a nova visão educacional.
Por isso, um dos primeiros passos foi criar um programa de formação continuada para professores dentro da própria escola. Esses encontros aconteciam quinzenalmente e abordavam temas como metodologias ativas, gestão de sala de aula, educação inclusiva, uso de tecnologia no ensino e desenvolvimento socioemocional.
O diferencial dessa formação era que ela não acontecia de forma verticalizada, com especialistas externos ditando o que deveria ser feito. Pelo contrário, os próprios professores compartilhavam suas experiências, sucessos e fracassos, aprendendo uns com os outros.
Foi criada uma cultura de colaboração e apoio mútuo, onde ninguém precisava ter medo de errar ou de pedir ajuda. Essa mudança cultural foi fundamental para criar um ambiente escolar mais saudável e produtivo, tanto para professores quanto para alunos.
Além da formação, houve um esforço consciente para valorizar o trabalho docente. A professora buscou reconhecer publicamente os avanços de cada educador, celebrar as pequenas vitórias e criar momentos de confraternização que fortalecessem os vínculos entre a equipe.
Mesmo sem poder aumentar os salários, que dependiam de políticas públicas mais amplas, ela conseguiu melhorar significativamente o clima organizacional e reduzir a rotatividade de professores, que é um problema crônico em muitas escolas de periferia. Professores que se sentem valorizados e apoiados tendem a permanecer mais tempo na instituição e a se dedicar com mais afinco ao seu trabalho.
Envolvimento da família no processo educacional
Um dos maiores desafios em qualquer escola de periferia é o envolvimento das famílias no processo educacional dos filhos. Muitos pais trabalham em jornadas extensas, não tiveram acesso à educação formal ou simplesmente não sabem como podem contribuir para o aprendizado das crianças. A professora compreendeu que era necessário criar pontes entre a escola e as famílias, facilitando essa participação e mostrando aos responsáveis que eles eram peças fundamentais no sucesso dos estudantes.
Para isso, foram criados diversos formatos de encontros com as famílias, indo além das tradicionais reuniões de pais e mestres. A escola passou a oferecer oficinas práticas para os responsáveis, ensinando técnicas simples de como acompanhar as tarefas de casa, como criar uma rotina de estudos em casa e como estimular a leitura. Foram organizados também eventos culturais onde os alunos apresentavam seus trabalhos e projetos, o que aumentava o orgulho das famílias e fortalecia o vínculo emocional com a escola.
Outra estratégia importante foi a criação de canais de comunicação acessíveis e eficientes. Nem todas as famílias tinham acesso fácil à internet ou dominavam o uso de aplicativos complexos, então a escola passou a utilizar grupos de WhatsApp simples, bilhetes impressos e, quando necessário, até ligações telefônicas para manter as famílias informadas sobre o desenvolvimento dos alunos.
Essa comunicação escola-família constante e humanizada fez toda a diferença nos resultados. Os pais começaram a se sentir parte do processo e não apenas espectadores ou pessoas que só eram chamadas quando havia problemas.
Projetos sociais integrados ao currículo escolar
A transformação da escola de periferia não se limitou ao espaço físico da instituição. A professora entendeu que era fundamental desenvolver projetos sociais educativos que extrapolassem os muros da escola e impactassem positivamente toda a comunidade. Esses projetos foram cuidadosamente integrados ao currículo escolar, de modo que os alunos desenvolvessem competências acadêmicas ao mesmo tempo em que atuavam como agentes de transformação social no seu bairro.
Um dos projetos mais bem-sucedidos foi a criação de uma biblioteca comunitária, gerenciada pelos próprios alunos. Eles realizaram campanhas de arrecadação de livros, organizaram o acervo, criaram um sistema de empréstimos e passaram a promover eventos literários no bairro, como rodas de leitura e contação de histórias para crianças menores. Esse projeto trabalhou diversas habilidades: organização, gestão, comunicação, leitura, escrita e cidadania. Além disso, contribuiu para aumentar o acesso à cultura em uma região onde as opções eram limitadas.
Outro projeto relevante foi o de educação ambiental aplicada, onde os estudantes mapearam os principais problemas ambientais do bairro e desenvolveram soluções práticas. Criaram uma horta escolar que depois se expandiu para hortas comunitárias em quintais de moradores, implementaram um sistema de coleta seletiva no entorno da escola e realizaram campanhas educativas sobre descarte correto de lixo e economia de água. Esses projetos não apenas ensinaram conceitos de ciências e sustentabilidade, mas também empoderaram os alunos, mostrando que eles podiam fazer diferença em suas próprias vidas e na comunidade.
A escola de periferia também desenvolveu parcerias com empresas locais e ONGs para oferecer oficinas profissionalizantes aos alunos do ensino médio. Foram criados cursos de informática básica, design gráfico, culinária, manutenção de equipamentos eletrônicos e outros, sempre respeitando os interesses dos estudantes e as demandas do mercado de trabalho local. Essas iniciativas ampliaram as perspectivas de futuro dos jovens e reduziram significativamente os índices de abandono escolar nos anos finais da educação básica.
Uso estratégico da tecnologia na educação
Mesmo com recursos limitados, a professora encontrou formas criativas de incorporar a tecnologia educacional no cotidiano da escola de periferia. Ela sabia que não adiantava apenas colocar computadores na escola se não houvesse um propósito pedagógico claro e se os professores não estivessem preparados para utilizá-los adequadamente. Por isso, o processo foi gradual e bem planejado, sempre priorizando a formação dos educadores e a definição de objetivos de aprendizagem claros.
Inicialmente, foi criado um laboratório de informática com equipamentos doados por empresas e órgãos públicos. Os alunos passaram a ter aulas semanais de letramento digital, aprendendo desde o básico, como usar editores de texto e fazer pesquisas na internet, até conteúdos mais avançados, como programação básica e criação de conteúdo multimídia. Essas habilidades digitais se mostraram fundamentais não apenas para o desempenho acadêmico, mas também para a empregabilidade futura dos estudantes.
Além disso, os professores começaram a utilizar recursos digitais gratuitos para enriquecer suas aulas. Plataformas como Khan Academy, YouTube Edu e outros recursos educacionais abertos foram incorporados ao planejamento pedagógico.
Os alunos passaram a ter acesso a videoaulas, jogos educativos e simulações interativas que tornavam o aprendizado mais dinâmico e interessante. A escola também criou um blog onde os estudantes publicavam seus trabalhos, redações e projetos, o que aumentou a motivação e o cuidado com a qualidade das produções.
Para superar a limitação de que nem todos os alunos tinham internet em casa, a escola estabeleceu parcerias com lan houses e espaços comunitários do bairro para que os estudantes pudessem acessar materiais digitais e fazer pesquisas fora do horário escolar. Essa rede de apoio foi essencial para garantir que a inclusão digital acontecesse de forma mais equitativa, reduzindo as desigualdades que poderiam ser ampliadas pelo uso inadequado da tecnologia.
Avaliação formativa e acompanhamento individualizado
A transformação da escola de periferia também passou por uma mudança profunda na forma como os alunos eram avaliados. A professora implementou um sistema de avaliação formativa que priorizava o acompanhamento contínuo do desenvolvimento de cada estudante, e não apenas a aplicação de provas pontuais ao final de cada bimestre. Essa mudança de perspectiva foi fundamental para identificar dificuldades precocemente e oferecer suporte adequado antes que os problemas se agravassem.
Cada aluno passou a ter um portfólio individual onde eram registrados seus avanços, dificuldades, interesses e metas de aprendizagem. Os professores utilizavam diversos instrumentos de avaliação, como observação direta, trabalhos em grupo, apresentações orais, projetos práticos e sim, também provas escritas, mas essas eram apenas um dos elementos considerados. Essa abordagem permitiu uma visão muito mais ampla e justa das capacidades de cada estudante, valorizando diferentes tipos de inteligências e habilidades.
Para os alunos que apresentavam maiores dificuldades, foram criados programas de reforço escolar personalizado. Não eram simplesmente aulas extras do mesmo conteúdo repetido da mesma forma, mas sim estratégias diferenciadas, com materiais adaptados e metodologias que respeitassem o ritmo e o estilo de aprendizagem de cada um. Estudantes mais avançados eram incentivados a atuar como monitores, ajudando os colegas com dificuldades, o que beneficiava ambos os lados: quem ensinava consolidava o próprio conhecimento, e quem recebia ajuda se sentia mais à vontade para tirar dúvidas com um colega do que com o professor.
Esse acompanhamento individualizado exigiu muito trabalho e dedicação da equipe, mas os resultados foram notáveis. Os índices de reprovação caíram drasticamente, não porque a escola baixou os critérios de exigência, mas porque os alunos realmente estavam aprendendo mais e melhor. A escola de periferia mostrou que é possível oferecer uma educação de qualidade mesmo em contextos desafiadores, desde que haja compromisso, planejamento adequado e estratégias baseadas em evidências.
Impacto e reconhecimento nacional
Os resultados da transformação não demoraram a aparecer. Em poucos anos, a escola de periferia viu seus índices de proficiência em matemática e português aumentarem significativamente, superando a média nacional em várias avaliações. Mas os números eram apenas uma parte da história. O que realmente impressionava era a mudança no ambiente escolar: alunos mais motivados, professores mais engajados, famílias mais participativas e uma comunidade orgulhosa de sua escola.
O reconhecimento educacional veio de várias frentes. A escola passou a receber visitas de educadores de outros municípios e estados interessados em conhecer as práticas implementadas. Ganhou prêmios nacionais de gestão escolar e inovação educacional.
A professora protagonista foi convidada para palestrar em congressos e eventos, compartilhando sua experiência e inspirando outros profissionais. Mas ela sempre fazia questão de deixar claro que o sucesso não era mérito individual, mas resultado de um trabalho coletivo.
Mais importante do que os prêmios foi o impacto real na vida dos alunos. Estudantes que antes tinham poucas perspectivas de futuro passaram a sonhar com a universidade e a buscar ativamente oportunidades de crescimento. Vários ex-alunos da escola de periferia ingressaram em instituições de ensino superior, alguns com bolsas integrais, e começaram a retribuir ajudando a própria comunidade. Esse ciclo virtuoso é talvez o maior legado do trabalho realizado.
Lições aplicáveis a outras realidades escolares
A história dessa escola de periferia traz lições valiosas que podem ser adaptadas e aplicadas em diferentes contextos educacionais. A primeira e mais importante é que a transformação começa com pessoas, não com recursos. Obviamente, investimento adequado em educação é fundamental, mas mesmo diante de limitações orçamentárias, é possível fazer diferença quando há compromisso genuíno, criatividade e trabalho colaborativo.
Outra lição crucial é a importância de conhecer profundamente a realidade dos alunos e da comunidade. Soluções educacionais não podem ser simplesmente importadas de outros contextos; elas precisam ser adaptadas às necessidades, desafios e potencialidades locais. O que funciona em uma escola de classe média urbana pode não fazer sentido em uma escola de periferia, e vice-versa. A escuta ativa e a valorização dos saberes comunitários são fundamentais nesse processo.
A formação continuada de professores também se mostrou essencial. Educadores precisam de apoio constante, espaços para reflexão sobre sua prática e oportunidades de aprender novas metodologias. Quando os professores se sentem valorizados, apoiados e em constante desenvolvimento profissional, eles tendem a se dedicar mais e a permanecer nas escolas, criando uma continuidade pedagógica que beneficia enormemente os alunos.
O envolvimento das famílias e da comunidade é outro fator que não pode ser negligenciado. A escola de periferia não é uma ilha isolada; ela está inserida em um contexto social mais amplo e precisa estabelecer pontes com esse entorno. Quando a comunidade se sente parte da escola e a escola se sente parte da comunidade, criam-se sinergias poderosas que amplificam os resultados educacionais e o impacto social do trabalho desenvolvido.
Desafios enfrentados e como foram superados
É importante destacar que o caminho não foi fácil. A transformação de uma escola de periferia enfrenta diversos obstáculos, desde a resistência inicial de parte da equipe que estava acostumada com modelos tradicionais, até a burocracia que dificulta a implementação de mudanças, passando pela instabilidade causada por mudanças de gestão municipal e pelas limitações orçamentárias constantes.
A resistência à mudança foi enfrentada com diálogo, paciência e demonstração de resultados. A professora não impôs nada de forma autoritária, mas sim convidou os colegas a experimentarem novas abordagens em pequena escala, mostrando na prática que funcionava. À medida que os primeiros resultados positivos apareciam, mais professores se engajavam nas novas propostas. O processo foi gradual, respeitando o tempo de adaptação de cada pessoa.
As limitações financeiras exigiram muita criatividade. A escola aprendeu a buscar parcerias, escrever projetos para editais públicos, mobilizar a comunidade para doações e reaproveitar materiais. Um exemplo marcante foi a reforma da biblioteca, feita com mutirão envolvendo pais, alunos e voluntários da comunidade, com materiais doados por lojas de construção locais. Esse processo, além de resolver um problema prático, fortaleceu os vínculos e o sentimento de pertencimento.
A instabilidade política e as mudanças de gestão foram enfrentadas documentando cuidadosamente todas as práticas desenvolvidas e envolvendo o máximo possível de pessoas no processo. Assim, o trabalho não dependia de uma única pessoa ou de uma gestão específica, mas estava incorporado à cultura da escola. Mesmo com trocas de direção, muitas das práticas se mantiveram porque tinham sido apropriadas coletivamente pela comunidade escolar.
O futuro da educação em escolas de periferia

A experiência dessa escola de periferia aponta caminhos interessantes para o futuro da educação brasileira. Mostra que é possível, sim, oferecer educação de qualidade em contextos desafiadores, desde que haja vontade política, investimento adequado, valorização dos profissionais da educação e metodologias adaptadas à realidade local. A transformação educacional não acontece por acaso; ela é resultado de planejamento, trabalho árduo e compromisso coletivo.
As políticas públicas educacionais precisam levar em conta essas experiências bem-sucedidas e criar mecanismos para replicá-las em larga escala, respeitando as especificidades de cada região. Não se trata de criar um modelo único a ser seguido por todas as escolas, mas sim de identificar princípios e práticas que funcionam e criar condições para que cada instituição possa adaptá-los à sua realidade.
É fundamental também que as escolas de periferia recebam atenção especial das políticas públicas, com recursos adicionais que compensem as desigualdades sociais que seus alunos enfrentam. Educação de qualidade exige investimento, e as escolas que atendem populações mais vulneráveis precisam de mais apoio, não de menos. Só assim será possível reduzir as desigualdades educacionais que perpetuam as desigualdades sociais em nosso país.
A tecnologia certamente terá um papel cada vez mais importante na educação, mas precisa ser utilizada de forma intencional e inclusiva. Não adianta distribuir tablets se não houver formação adequada de professores, infraestrutura de internet nas escolas e um projeto pedagógico que faça sentido. A inclusão digital precisa ser pensada de forma ampla, garantindo que todos os alunos, independentemente de sua origem social, tenham acesso às mesmas oportunidades de aprendizagem.
Conclusão: educação transforma vidas e comunidades
A história da professora que transformou uma escola de periferia em referência nacional é inspiradora e nos lembra do poder transformador da educação quando ela é feita com compromisso, criatividade e respeito pelos estudantes e suas realidades. Não existem fórmulas mágicas ou soluções rápidas, mas sim trabalho consistente, baseado em princípios sólidos e adaptado às necessidades específicas de cada comunidade.
O mais importante dessa experiência é perceber que mudanças profundas são possíveis, mesmo em contextos extremamente desafiadores. Uma única pessoa comprometida pode, sim, fazer a diferença e inspirar outras a se engajarem também. Mas o sucesso nunca é individual; ele depende da construção de uma rede colaborativa envolvendo professores, gestores, alunos, famílias e toda a comunidade.
As estratégias apresentadas neste artigo – desde o diagnóstico cuidadoso da realidade local, passando pela implementação de metodologias ativas, envolvimento das famílias, uso criativo da tecnologia, avaliação formativa, até o desenvolvimento de projetos sociais integrados ao currículo – podem servir de inspiração para educadores de todo o Brasil. Cada escola terá que adaptar essas ideias à sua realidade, mas os princípios fundamentais permanecem os mesmos: conhecer seus alunos, acreditar no potencial de cada um, trabalhar colaborativamente e não desistir diante dos obstáculos.
A educação é o caminho mais seguro para transformar vidas individuais e comunidades inteiras. Quando uma escola de periferia se torna referência, ela não apenas melhora os indicadores educacionais, mas muda completamente as perspectivas de futuro de centenas de jovens, inspira outras escolas a seguirem pelo mesmo caminho e mostra que um outro Brasil é possível. Um Brasil mais justo, mais igualitário e com oportunidades para todos, independentemente do lugar onde nasceram.
E você, tem alguma experiência transformadora em educação para compartilhar? Conhece alguma escola ou professor que está fazendo a diferença em sua comunidade? Que estratégias você acredita que poderiam melhorar a educação nas escolas de periferia? Deixe seu comentário abaixo e vamos continuar essa conversa importante sobre o futuro da educação brasileira!
Perguntas Frequentes (FAQ)
Como uma escola de periferia pode atrair parcerias e doações?
O primeiro passo é tornar a escola visível na comunidade, desenvolvendo projetos que mostrem resultados concretos. Documentar as ações através de fotos, vídeos e relatórios ajuda a apresentar o trabalho para potenciais parceiros. É importante também estabelecer contato direto com empresas locais, ONGs e órgãos públicos, mostrando como uma parceria pode beneficiar ambos os lados. Transparência na gestão dos recursos recebidos e prestação de contas são fundamentais para manter a confiança dos parceiros.
Quais são as primeiras mudanças que um professor pode implementar em sua sala de aula?
Começar com pequenas mudanças é o mais recomendado. Um professor pode iniciar implementando metodologias ativas em uma ou duas aulas por semana, propondo projetos relacionados à realidade dos alunos, criando momentos de trabalho colaborativo em grupo, ou estabelecendo uma comunicação mais próxima com as famílias. O importante é não tentar mudar tudo de uma vez, mas sim ir incorporando novas práticas gradualmente, avaliando os resultados e ajustando conforme necessário.
Como envolver famílias que têm pouca escolaridade ou disponibilidade?
O envolvimento das famílias pode acontecer de diversas formas, não apenas através da ajuda com tarefas escolares. Pais e responsáveis podem participar de eventos na escola, contar histórias de suas profissões e experiências de vida, ajudar em atividades práticas como hortas e reformas, ou simplesmente demonstrar interesse perguntando aos filhos sobre o dia na escola. A escola precisa ser flexível nos horários de reuniões e criar canais de comunicação acessíveis. Valorizar os conhecimentos e experiências das famílias, mesmo quando elas têm pouca escolaridade formal, é fundamental.
É possível usar tecnologia na educação sem grandes investimentos?
Sim, é possível. Existem inúmeros recursos educacionais digitais gratuitos e de qualidade disponíveis na internet. O celular, que a maioria dos alunos possui, pode ser usado como ferramenta pedagógica. Escolas podem buscar doações de equipamentos usados de empresas e órgãos públicos. Parcerias com lan houses e espaços comunitários podem ampliar o acesso dos alunos à internet. O mais importante é ter clareza sobre os objetivos pedagógicos do uso da tecnologia e garantir que os professores estejam preparados para utilizá-la de forma significativa.
Como medir se as mudanças implementadas estão realmente funcionando?
A avaliação deve ser multidimensional. Além dos indicadores tradicionais como notas em provas e taxas de aprovação, é importante observar outros aspectos: redução da evasão escolar, aumento da frequência, melhoria no clima escolar, maior participação das famílias, desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos alunos, engajamento dos professores, e impacto dos projetos na comunidade. Aplicar questionários periódicos com alunos, professores e famílias também ajuda a captar percepções qualitativas sobre as mudanças. O importante é acompanhar diversos indicadores ao longo do tempo e não esperar resultados imediatos.
O que fazer quando há resistência de outros professores às mudanças?
A resistência é natural e deve ser tratada com empatia e diálogo. Em vez de impor mudanças, convide os colegas a experimentarem novas abordagens em pequena escala, sem pressão. Compartilhe resultados positivos que você já obteve. Crie espaços de troca de experiências onde os professores possam falar sobre suas dúvidas e receios. Ofereça apoio prático aos colegas que queiram tentar algo novo. Muitas vezes, a resistência vem do medo de não conseguir ou de sair da zona de conforto. Quando os professores veem que têm suporte e que as mudanças realmente trazem benefícios, a resistência tende a diminuir.


