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    Home » A Nova Onda do Cinema Independente Brasileiro Conquista Festivais Internacionais
    HORIZONTES

    A Nova Onda do Cinema Independente Brasileiro Conquista Festivais Internacionais

    Luciana SebastianaBy Luciana SebastianaJune 5, 2025Updated:November 26, 2025No Comments18 Mins Read
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    Você já parou para pensar como o cinema brasileiro tem evoluído nos últimos anos? Enquanto as produções hollywoodianas dominam as telas comerciais, uma revolução silenciosa está acontecendo nas salas de exibição alternativas e, principalmente, nos festivais internacionais.

    Cineastas brasileiros independentes estão conquistando prêmios, reconhecimento crítico e abrindo portas para uma nova geração de artistas que contam histórias autênticas, com orçamentos enxutos e uma criatividade impressionante. Esses filmes não apenas representam o Brasil lá fora, mas também redefinem o que significa fazer cinema de qualidade em um país com tantos desafios estruturais para a produção audiovisual.

    O movimento atual não surgiu do nada. Ele é resultado de décadas de resistência, inovação tecnológica e uma geração de realizadores que aprendeu a fazer muito com pouco. Quando falamos em festivais internacionais, estamos nos referindo a eventos como Cannes, Berlim, Sundance, Roterdã e tantos outros que se tornaram vitrines essenciais para o cinema de autor.

    Esses espaços não apenas celebram a arte cinematográfica, mas também funcionam como mercados onde filmes encontram distribuidores, produtores encontram investidores e talentos emergentes ganham visibilidade global. Para o cinema independente brasileiro, essa presença internacional representa muito mais do que prestígio: é uma questão de sobrevivência e validação artística em um cenário doméstico muitas vezes adverso.

    Sumário do artigo

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    • Por Que o Cinema Independente Brasileiro Está em Ascensão
    • Estratégias Para Levar Seu Filme aos Festivais Internacionais
    • Financiamento e Produção: Como Viabilizar Seu Projeto Independente
    • Cases de Sucesso: Filmes Brasileiros Que Brilharam nos Festivais Internacionais
    • Construindo Redes e Relacionamentos no Circuito de Festivais
    • Desafios Específicos e Como Superá-los
    • O Futuro do Cinema Independente Brasileiro nos Festivais Internacionais
    • Conclusão
    • Perguntas Frequentes sobre Cinema Independente Brasileiro em Festivais Internacionais

    Por Que o Cinema Independente Brasileiro Está em Ascensão

    A resposta para essa pergunta é multifacetada e fascinante. Primeiro, precisamos entender que a democratização tecnológica transformou completamente o processo de produção cinematográfica. Há vinte anos, fazer um filme exigia equipamentos caríssimos, equipes enormes e orçamentos proibitivos.

    Hoje, com câmeras DSLR de alta qualidade, smartphones com capacidades cinematográficas impressionantes e softwares de edição acessíveis, qualquer pessoa com uma história para contar pode se tornar cineasta. Essa revolução digital permitiu que uma nova geração de realizadores brasileiros experimentasse, errasse, aprendesse e criasse sem depender exclusivamente de grandes produtoras ou editais governamentais.

    Além disso, as escolas de cinema e os cursos de audiovisual se multiplicaram pelo país, formando profissionais tecnicamente preparados e artisticamente ousados. Lugares como a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, ou programas universitários em São Paulo, Minas Gerais e Nordeste estão produzindo uma leva de diretores, roteiristas e técnicos que dominam tanto a linguagem clássica quanto as tendências contemporâneas do cinema mundial. Esses profissionais cresceram assistindo filmes iranianos, tailandeses, romenos e argentinos, absorvendo influências diversas e criando uma estética própria que mistura realismo social com experimentação formal.

    Outro fator crucial é a temática abordada por esses filmes. O cinema independente brasileiro contemporâneo não tem medo de mergulhar nas contradições do país. Questões como desigualdade social, racismo estrutural, violência urbana, identidade de gênero, religiosidade popular e a complexidade das relações humanas em contextos periféricos ganham espaço em narrativas que fogem dos estereótipos.

    Essas histórias ressoam não apenas com o público brasileiro, mas também com audiências internacionais que buscam autenticidade e diversidade cultural. Os festivais internacionais têm demonstrado cada vez mais interesse por cinematografias que ofereçam perspectivas frescas sobre o mundo contemporâneo, e o Brasil tem muito a dizer nesse sentido.

    Estratégias Para Levar Seu Filme aos Festivais Internacionais

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    Se você é um cineasta independente sonhando em ver seu trabalho nas telas de Cannes ou Berlim, precisa entender que o caminho não é simples, mas é totalmente possível. A primeira coisa que você deve fazer é pesquisar profundamente os festivais que mais se alinham com seu projeto.

    Nem todo festival é adequado para todo tipo de filme. Por exemplo, se você fez um documentário político sobre movimentos sociais, festivais como o IDFA (Amsterdã) ou o Hot Docs (Toronto) podem ser mais receptivos do que eventos focados em ficção narrativa. Se seu filme é experimental ou tem uma linguagem mais radical, festivais como Roterdã ou FIDMarseille podem ser ideais.

    A inscrição em festivais internacionais requer planejamento estratégico. Muitos realizadores cometem o erro de inscrever seus filmes em dezenas de festivais simultaneamente, gastando recursos preciosos sem uma estratégia clara. O ideal é criar uma hierarquia: festivais de Categoria A (Cannes, Berlim, Veneza, que são os mais prestigiosos), festivais importantes regionalmente (como o Festival de San Sebastián na Europa ou o BFI London Film Festival) e festivais especializados no seu gênero ou tema. Comece sempre pelos maiores, pois muitos festivais menores exigem que o filme seja uma estreia mundial ou regional, e uma exibição prévia pode desqualificá-lo.

    Outro aspecto fundamental é a qualidade técnica do material que você envia. Os comitês de seleção dos festivais internacionais recebem milhares de inscrições anualmente, e qualquer problema técnico pode resultar na eliminação imediata do seu filme. Certifique-se de que a cópia que você envia tenha qualidade de imagem e som impecável, legendas profissionais (se aplicável) e que todos os requisitos técnicos especificados no regulamento sejam cumpridos rigorosamente. Muitos festivais solicitam DCPs (Digital Cinema Package), que é o formato padrão de exibição digital no circuito profissional. Investir em uma masterização adequada pode ser a diferença entre a seleção e a rejeição.

    Não subestime o poder de um bom press kit e de materiais promocionais bem elaborados. Seu filme precisa de uma sinopse envolvente, que capture a essência da história em poucas linhas. Fotos de alta qualidade, pôsteres atraentes, trailer profissional e uma apresentação clara do diretor e da equipe são elementos que ajudam os programadores a entenderem e se interessarem pelo seu trabalho. Muitos cineastas brasileiros cometem o erro de enviar materiais apenas em português, limitando drasticamente suas chances. Invista em traduções profissionais para inglês (e, se possível, francês e espanhol), pois isso demonstra profissionalismo e facilita o trabalho dos curadores.

    Financiamento e Produção: Como Viabilizar Seu Projeto Independente

    A questão do financiamento é, sem dúvida, o maior desafio para qualquer cineasta independente brasileiro. Com a redução drástica dos investimentos públicos em cultura nos últimos anos, encontrar recursos tornou-se uma verdadeira maratona criativa.

    No entanto, existem caminhos alternativos que têm funcionado para muitos realizadores. O crowdfunding, por exemplo, deixou de ser uma novidade e se consolidou como uma ferramenta legítima de captação de recursos. Plataformas como Catarse, Kickante e até mesmo campanhas internacionais no Kickstarter ou Indiegogo têm permitido que cineastas levem seus projetos adiante com o apoio direto do público.

    O que muitos não percebem é que uma campanha de crowdfunding bem-sucedida vai muito além de simplesmente pedir dinheiro. Ela é, essencialmente, uma estratégia de marketing e construção de comunidade. Você precisa contar a história do seu filme de forma envolvente, mostrar por que ele merece existir, apresentar sua equipe, compartilhar o processo criativo e oferecer recompensas interessantes para os apoiadores.

    Os contribuintes não estão apenas financiando um filme; estão se tornando parte de uma jornada artística. Essa conexão emocional é fundamental, e os melhores projetos de crowdfunding são aqueles que conseguem transformar estranhos em embaixadores apaixonados pelo filme.

    Outra estratégia é buscar coprodução internacional. Muitos países europeus, especialmente França, Portugal, Alemanha e Holanda, têm fundos específicos para coprodução com países em desenvolvimento ou com cinematografias emergentes.

    Estabelecer parcerias com produtores internacionais não apenas traz recursos financeiros, mas também abre portas para festivais internacionais, já que seu filme passará a ter múltiplas nacionalidades. Para isso, é fundamental ter um projeto muito bem desenvolvido, com roteiro sólido, orçamento detalhado e uma proposta artística clara. Participar de mercados de coprodução como o Cine Ceará ou o próprio mercado do Festival do Rio pode ser um primeiro passo para fazer esses contatos.

    Não podemos esquecer dos editais estaduais e municipais, que ainda existem em diversas regiões do Brasil. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco mantêm programas de fomento ao audiovisual que, embora competitivos, são acessíveis para projetos bem elaborados.

    A chave para ter sucesso nesses editais é entender exatamente o que cada um busca. Alguns priorizam primeiras obras, outros valorizam filmes com temática regional, e há aqueles que focam em diversidade e representatividade. Adapte seu projeto e sua proposta ao perfil do edital, sempre mantendo a integridade artística da obra, mas apresentando os aspectos que mais se alinham com os objetivos do fomento.

    Cases de Sucesso: Filmes Brasileiros Que Brilharam nos Festivais Internacionais

    Para entender melhor esse fenômeno, vale a pena analisar alguns exemplos concretos de filmes brasileiros independentes que conquistaram os festivais internacionais recentemente. “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, é um caso emblemático.

    O filme, que conta a história de duas irmãs separadas pelo conservadorismo da sociedade brasileira dos anos 1950, levou o prêmio Un Certain Regard em Cannes em 2019. O que torna esse exemplo interessante é que Karim já era um cineasta estabelecido, mas foi com essa produção independente, focada em uma narrativa intimista e feminina, que ele alcançou seu maior reconhecimento internacional.

    Outro exemplo notável é “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, que embora não seja tão recente, estabeleceu um padrão para o cinema independente brasileiro contemporâneo. O filme, que aborda as tensões de classe através da história de uma empregada doméstica e sua patroa, foi exibido em diversos festivais internacionais e vendido para mais de 40 países.

    O sucesso de Anna demonstra que filmes com orçamentos modestos, mas com roteiros fortes e direção precisa, podem conquistar o mundo. Sua capacidade de abordar questões sociais brasileiras de forma universal, sem didatismo ou condescendência, é uma lição valiosa para qualquer cineasta emergente.

    No campo do documentário, temos “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que foi indicado ao Oscar e exibido em festivais internacionais como Sundance. O filme oferece uma perspectiva pessoal e política sobre os eventos que levaram ao impeachment de Dilma Rousseff.

    O que faz desse documentário um case interessante é a forma como Petra conseguiu transformar uma questão local em uma narrativa sobre democracia que ressoa globalmente. A estratégia de distribuição também foi exemplar, com lançamento na Netflix que ampliou enormemente seu alcance, mostrando que festivais internacionais podem ser apenas o começo de uma jornada mais ampla para um filme.

    Mais recentemente, filmes como “Marte Um”, de Gabriel Martins, que conquistou prêmios em Sundance e Roterdã, mostram que a nova geração está chegando forte. O filme, que retrata uma família negra de classe média em Contagem, Minas Gerais, oferece uma perspectiva raramente vista no cinema brasileiro: negros não apenas como vítimas de violência ou pobreza, mas como pessoas comuns com sonhos, frustrações e aspirações. Essa mudança de perspectiva, somada a uma direção sensível e uma fotografia cuidadosa, exemplifica o tipo de cinema que tem chamado atenção dos festivais internacionais atualmente.

    Construindo Redes e Relacionamentos no Circuito de Festivais

    Ter seu filme selecionado para festivais internacionais é apenas o começo da jornada. O que você faz durante o festival pode ser tão importante quanto o filme em si. Os festivais são, essencialmente, grandes eventos de networking onde cineastas, produtores, distribuidores, programadores, críticos e jornalistas se encontram. Aproveitar essas oportunidades de forma inteligente pode abrir portas para futuros projetos, distribuição internacional e até mesmo financiamento para seu próximo filme.

    Quando você é selecionado para um festival, prepare-se adequadamente. Isso significa ter cartões de visita profissionais, um elevator pitch do seu filme decorado em pelo menos dois idiomas, e estar pronto para falar sobre seu trabalho de forma concisa e envolvente. Muitos cineastas brasileiros, por timidez ou falta de preparo, perdem oportunidades valiosas de conversar com pessoas importantes do circuito. Lembre-se: essas pessoas estão no festival justamente para descobrir novos talentos e projetos interessantes. Não seja insistente ou invasivo, mas também não seja invisível.

    Participar de painéis, workshops e eventos paralelos do festival é fundamental. Muitos festivais internacionais oferecem programas de formação, encontros de coprodução e atividades específicas para cineastas emergentes. O Berlinale Talents, por exemplo, é um programa de desenvolvimento de talentos do Festival de Berlim que reúne profissionais promissores de todo o mundo. Participar dessas iniciativas não apenas amplia seu conhecimento, mas também coloca você em contato com uma rede global de profissionais que podem se tornar colaboradores futuros.

    Não subestime o poder das redes sociais e da comunicação digital durante os festivais. Compartilhe sua experiência, marque o festival, use as hashtags oficiais e interaja com outros participantes online. Muitos contatos importantes começam virtualmente antes de se concretizarem pessoalmente.

    Além disso, os festivais internacionais costumam ter equipes de comunicação que adoram compartilhar histórias interessantes de cineastas. Se você tem uma trajetória única ou uma história inspiradora por trás do seu filme, compartilhe isso. A mídia especializada está sempre buscando narrativas que vão além da simples resenha do filme.

    Desafios Específicos e Como Superá-los

    Cineastas brasileiros enfrentam desafios particulares ao buscar espaço nos festivais internacionais. A barreira linguística é o mais óbvio, mas não se resume apenas a não falar inglês fluentemente. É preciso entender os códigos culturais, as expectativas do mercado internacional e as nuances da comunicação no contexto dos festivais. Um erro comum é achar que o valor artístico do filme é suficiente por si só. Embora a qualidade seja fundamental, a forma como você apresenta seu trabalho, como se comunica e como se posiciona profissionalmente faz enorme diferença.

    A questão da representatividade também é delicada. Muitos festivais internacionais têm cotas ou programas específicos para aumentar a diversidade, o que é positivo. No entanto, isso às vezes cria uma expectativa de que filmes brasileiros devem necessariamente abordar pobreza, violência ou questões sociais de forma explícita.

    Embora esses temas sejam legítimos e importantes, cineastas brasileiros também fazem filmes de ficção científica, comédias românticas, thrillers psicológicos e obras experimentais. É importante afirmar a diversidade da produção nacional e não se limitar aos estereótipos do que o mercado internacional espera ver do Brasil.

    O custo de participar de festivais internacionais é outro obstáculo significativo. Passagens aéreas, hospedagem, alimentação e despesas diversas durante o festival podem facilmente ultrapassar dezenas de milhares de reais. Muitos festivais oferecem algum tipo de apoio para cineastas de países em desenvolvimento, mas raramente cobrem todos os custos.

    É importante planejar financeiramente essa etapa desde o início do projeto. Alguns cineastas incluem uma rubrica de “circulação em festivais” no orçamento de produção, o que é uma estratégia inteligente. Outra opção é buscar apoio de institutos culturais brasileiros no exterior ou de organizações que fomentam o intercâmbio cultural.

    Por fim, há o desafio da distribuição pós-festival. Ter seu filme exibido nos festivais internacionais é maravilhoso, mas o que acontece depois? Muitos filmes independentes brasileiros fazem uma carreira brilhante em festivais mas não conseguem chegar ao público mais amplo, seja por falta de distribuição comercial, seja porque não encontram plataformas de streaming interessadas. É fundamental pensar na estratégia de distribuição desde o início.

    Isso pode significar manter contatos com agentes de vendas internacionais, explorar distribuição via plataformas digitais independentes como a Mubi, ou até mesmo considerar lançamento gratuito em plataformas como YouTube depois da circulação em festivais, dependendo dos seus objetivos.

    O Futuro do Cinema Independente Brasileiro nos Festivais Internacionais

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    Olhando para frente, as perspectivas são simultaneamente desafiadoras e promissoras. Por um lado, a conjuntura política e econômica brasileira continua impondo dificuldades para a produção cultural. A instabilidade dos mecanismos de fomento, a descontinuidade de políticas públicas e a própria crise econômica tornam cada projeto uma batalha.

    Por outro lado, a resiliência e a criatividade dos cineastas brasileiros têm demonstrado que grandes obras podem nascer justamente da adversidade. A escassez de recursos, paradoxalmente, tem forçado inovações formais e narrativas que chamam atenção justamente por sua originalidade.

    A tendência é que os festivais internacionais continuem buscando vozes diversas e histórias autênticas. O público global está cansado das fórmulas hollywoodianas e cada vez mais interessado em cinematografias que ofereçam perspectivas diferentes sobre a experiência humana. O Brasil, com sua complexidade social, sua diversidade cultural e suas contradições fascinantes, tem muito a oferecer nesse cenário. Cineastas que conseguirem capturar a essência brasileira de forma honesta, sem exotismo ou condescendência, encontrarão audiências receptivas nos festivais internacionais.

    A evolução tecnológica continuará democratizando a produção, mas também elevando os padrões de qualidade técnica esperados. A lacuna entre um filme independente e uma superprodução, pelo menos em termos de qualidade de imagem e som, está diminuindo rapidamente. Isso significa que cineastas independentes precisarão estar cada vez mais atualizados tecnicamente, mas também que a ênfase crescente estará na originalidade da visão artística e na força da narrativa. Os festivais internacionais valorizam cada vez mais a assinatura autoral, o ponto de vista único que um diretor traz para o cinema.

    Finalmente, é provável que vejamos uma maior integração entre o circuito de festivais e as plataformas de streaming. Serviços como Netflix, Amazon Prime, MUBI e outros têm se tornado presença constante nos festivais internacionais, tanto como compradores de filmes quanto como produtores. Para o cinema independente brasileiro, isso pode representar novas oportunidades de financiamento e distribuição. No entanto, também levanta questões sobre a experiência cinematográfica e o papel das salas de cinema. O equilíbrio entre preservar a especificidade do cinema como arte e alcançar audiências mais amplas através das plataformas digitais será um dos grandes debates dos próximos anos.

    Conclusão

    A nova onda do cinema independente brasileiro que conquista festivais internacionais não é um acidente ou uma moda passageira. É o resultado de décadas de acúmulo de conhecimento, resistência cultural e adaptação criativa às condições adversas. Os cineastas brasileiros que hoje recebem prêmios em Cannes, Berlim, Sundance e outros festivais internacionais representam não apenas o talento individual, mas uma cultura cinematográfica rica e diversa que finalmente encontra seu espaço no cenário global. Para os realizadores emergentes, o caminho está mais acessível do que nunca, embora continue exigente e desafiador. Com estratégia, persistência, qualidade artística e uma boa dose de sorte, seu filme pode ser o próximo a orgulhar o Brasil nos festivais internacionais. O importante é continuar contando nossas histórias, com nossa voz única, porque o mundo está pronto para ouvi-las.

    E você, tem algum projeto de cinema independente em desenvolvimento? Já participou de festivais, seja como realizador ou espectador? Compartilhe sua experiência nos comentários! Quais filmes brasileiros recentes você acha que merecem mais atenção internacional? Vamos continuar essa conversa!

    Perguntas Frequentes sobre Cinema Independente Brasileiro em Festivais Internacionais

    Quanto custa inscrever um filme em festivais internacionais?

    Os valores variam enormemente. Festivais menores podem cobrar entre 20 e 50 dólares, enquanto os maiores festivais podem cobrar até 100 dólares ou mais por inscrição. A plataforma FilmFreeway, que centraliza inscrições, oferece descontos para inscrições antecipadas. Para uma estratégia completa visando 15 a 20 festivais, prepare um orçamento de 1.000 a 2.000 dólares apenas para taxas de inscrição.

    Preciso ter um agente de vendas para levar meu filme a festivais internacionais?

    Não necessariamente para a fase inicial de festivais. Você mesmo pode inscrever seu filme através de plataformas como FilmFreeway. No entanto, se seu filme for selecionado para festivais importantes, ter um agente de vendas ou uma sales company pode ser muito útil para negociar distribuição internacional e maximizar as oportunidades comerciais que surgem durante os festivais internacionais.

    Como fazer networking efetivo durante festivais internacionais sem ser inconveniente?

    A chave é o equilíbrio. Participe das atividades sociais oficiais do festival, onde o networking é esperado e incentivado. Tenha sempre cartões de visita e esteja preparado para falar sobre seu trabalho de forma concisa. Mostre interesse genuíno pelos projetos dos outros, não apenas promova o seu. Siga as pessoas no LinkedIn ou Instagram após uma conversa interessante para manter o contato. Evite abordar pessoas durante exibições ou momentos claramente inapropriados.

    Filmes em português precisam ter legendas em inglês para festivais internacionais?

    Sim, absolutamente. A maioria dos festivais internacionais exige legendas em inglês (e alguns também aceitam francês). As legendas devem ser profissionais, não apenas uma tradução literal, mas uma adaptação que preserve o sentido e o ritmo dos diálogos. Muitos filmes são desclassificados por problemas nas legendas, então invista em um profissional experiente para fazer esse trabalho.

    Qual é a melhor época do ano para começar a inscrever filmes em festivais?

    Isso depende da estratégia. Os grandes festivais europeus (Berlim, Cannes, Veneza) acontecem entre fevereiro e setembro, com prazos de inscrição geralmente entre 6 e 12 meses antes. Festivais norte-americanos como Sundance têm prazos no meio do ano para o evento em janeiro seguinte. Uma estratégia comum é inscrever primeiro nos festivais de categoria A no final do ano, e depois seguir para festivais menores ao longo do ano seguinte, criando uma cascata de exibições.

    É possível recuperar o investimento feito em um filme independente através de festivais?

    Raramente através dos festivais diretamente, pois a maioria não paga pela exibição de filmes. O retorno financeiro vem da distribuição comercial, venda para televisão ou streaming, e prêmios em dinheiro que alguns festivais oferecem. Os festivais internacionais funcionam mais como vitrine e validação artística que pode levar a oportunidades comerciais futuras. O retorno é geralmente a médio e longo prazo, através das portas que a presença em festivais abre.

    Cineastas iniciantes têm chance real em grandes festivais internacionais?

    Sim, definitivamente. Muitos festivais internacionais têm seções específicas para primeiras obras ou cineastas emergentes. Sundance, Roterdã, Locarno e muitos outros descobriram diretores estreantes que se tornaram nomes importantes. O que importa é a qualidade do filme e sua originalidade, não necessariamente a experiência prévia do diretor. Primeiras obras muitas vezes trazem uma frescor e ousadia que chamam atenção dos programadores.

    Como escolher entre fazer um filme comercial ou um filme de festival?

    Essa é uma falsa dicotomia. Os melhores filmes são aqueles feitos com integridade artística, independentemente do público-alvo. Dito isso, entenda que filmes que circulam bem em festivais internacionais geralmente têm características como: narrativas autorais, temas universais tratados de forma específica, qualidade técnica cuidadosa e uma voz cinematográfica distinta. Isso não significa que sejam inacessíveis ou herméticos. Filmes como “Parasita” de Bong Joon-ho provam que é possível conquistar tanto festivais quanto grande público.

    Luciana Sebastiana
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    Luciana Sebastiana

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